Gutenberg e o Tipo Móvel: O Steve Jobs do Século XIII
Ao analisar a evolução no mundo desde que o homem passou a ser sapiens, nos deparamos com dados importantíssimos que nos levam a identificar os principais momentos que foram os divisores do desenvolvimento. Um dos principais momentos, senão o mais importante, foi a criação do tipo móvel por Gutenberg, na Alemanha, por volta de 1450. Esse invento possibilitou a disseminação do conhecimento na reprodução de textos impressos que até então eram produzidos por escribas. Até essa data todo o conhecimento existente se concentrava em pouquíssimas pessoas e não era acessível pela grande maioria da população.
Steve Jobs não teria feito sucesso com suas criações não fosse o invento de Gutenberg. Ele sim foi o Steve Jobs da época há 560 anos.
Se pararmos para analisar e observar, veremos que os produtos impressos fazem parte diariamente de nossa vida. O dinheiro que nos remunera, o cartão de crédito que facilita as compras, o papel que embrulha o presente, a embalagem que protege o produto, a bula que orienta, o folheto que divulga, o jornal que informa, a revista que analisa, o livro que educa e diverte, o manual que ensina, todas essas e muitas outras ferramentas que graças a Gutenberg hoje podemos usufruir e que tornaram a nossa vida mais eficiente e divertida.
Na era da tecnologia digital, inúmeras são as sentenças lançadas por pseudos futurológos de que tudo isso acabará. Volto a reportar a história e nos
lançamos ao início do Século 20, quando o único veículo de comunicação existente era o jornal, na maioria, não diário. Entre as décadas de 1920 a 1930, com a invenção rádio, as mesmas figuras apareceram dizendo que com isso o jornal desapareceria. O mesmo fato ocorreu na década de 40 quando surgiu a televisão e disseram que o rádio acabaria. Assim tem sido com todas as ferramentas da comunicação criadas posteriormente. Entretanto, todos coexistem até hoje! Com o desenvolvimento da internet e dos meios digitais, surgiu o e-book. Decretaram, então, a extinção do livro impresso, sentença dada pelos mesmos futurólogos de plantão. No primeiro momento a novidade causou grande discussão e os adeptos da mídia eletrônica foram os primeiros a exaltar essa nova ferramenta.
Grandes debates foram acontecendo, na feira de Frankfurt, na Bienal do Livro, seminários, workshops e tantos outros eventos, inclusive, com ampla discussão na internet e nos grupos sociais. Recentemente começaram a surgir os dados reais sobre o e-book. As últimas pesquisas detectaram que mais da metade dos leitores de e-booksnão eram frequentadores de livrarias. Em razão da facilidade e preço, passaram a consumi-los. O resultado disso é que muitos desse grupo passaram, então, a frequentar as livrarias, consequentemente ampliando o número de leitores de livros impressos. Editores e autores, principais atores da comunicação impressa, começam a se posicionar de forma mais aberta, sem contestar as novas tecnologias, adotando- as, mas ao mesmo tempo reforçando mais ainda sua posição em relação ao livro impresso. Reconheceram, como era o esperado, que ambas são ferramentas de leitura e que estarão convivendo e coexistindo definitivamente, cada uma na escolha do leitor e na conveniência do editor.